O DIA
Rio – Mais do que simples dor de cabeça, a enxaqueca causa vários sintomas pouco conhecidos, o que pode atrapalhar o diagnóstico. Dores abdominais intensas, tontura e perda temporária do campo de visão podem sinalizar a doença, sem que estejam necessariamente associadas às crises de cefaleia.
O sintoma mais conhecido é a dor de cabeça, que ‘lateja’ e se concentra numa das têmporas, na região frontal da testa, ou ao redor dos olhos. Mas nem sempre é assim. “Já vi pacientes de enxaqueca que sofrem de fortes dores abdominais em vez de cefaleia e carregaram por anos diagnóstico de gastrite”, conta a coordenadora da Clínica de Cefaleias do HCor Neuro, Thaís Villa.
Muitos são diagnosticados com gastrite, mas de fato têm enxaqueca
Ainda segundo ela, a enxaqueca está entre uma das principais causas de tontura em pessoas com menos de 60 anos. “Todas as pessoas com a doença que chegam ao Laboratório de Enxaqueca e Tontura da USP com esse quadro vêm com um diagnóstico prévio de labirintite”, comentou.
Há também casos em que a dor de cabeça da enxaqueca é confundida com vista cansada. “Como o oftalmologista não conhece as causas neurológicas da doença, indica óculos e trata o problema como de origem óptica.
Enquanto não se descobre a causa real dos sintomas, as pessoas são submetidas a tratamentos que não servem para elas e não aliviam suas dores”.
Além disso, as queixas dos que sofrem com as crises não são valorizadas, diz Thaís. “Familiares e colegas dizem que os pacientes têm que aprender a conviver com isso, que todo mundo tem dor de cabeça, e é só tomar um analgésico que passa”, conta.
Tratamento correto
O tratamento é feito em duas fases, sem analgésicos de uso livre. A linha preventiva recomenda medicamentos neuromoduladores, que regulam a atividade dos neurônios; e de antidepressivos de baixa dosagem, que intervêm na produção de dopamina e endorfina — deficitários nos pacientes.
Esses remédios tratam as causas do mal, que são desequilíbrios químicos do cérebro. Os outros remédios só são usados nas crises: anti-inflamatório e triptano (específico para enxaqueca). O paciente não pode tomá-los por mais de dois dias na semana.
Fonte: O DIA Mundo & Ciência