Esses são sintomas da enxaqueca, um dos tipos mais comuns de dor de cabeça. Estudos apontam que sua causa provavelmente é hereditária e está associada a fatores externos, como situações de estresse, cansaço, exposição a barulho ou claridade.
Segundo a SBCe (Sociedade Brasileira de Cefaléia), 30 milhões de pessoas são acometidas pelo mal no País. O grupo feminino é o mais atingido – 60% das mulheres sofrem crises durante a menstruação.
Para que a enxaqueca seja detectada, sua duração deve ser superior a quatro horas. Durante uma crise, ela pode durar até 72 horas. Os picos de dor devem receber a devida atenção, mas os pacientes que se submetem ao tratamento preventivo apresentam melhora clínica, com a diminuição da frequência, intensidade e duração das crises.
Segundo o neurologista Luiz Fernando Haikel Júnior, do Hospital e Maternidade Beneficência Portuguesa de Santo André, quando as crises aparecerem, pelo menos, quatro vezes no mês, é hora iniciar a prevenção. Nesse caso, um diário de anotações pode ser um aliado fundamental.
“A elaboração desse diário é muito importante. Ele consiste em anotar em que dia a pessoa sentiu a dor, sua intensidade e duração, se ela veio acompanhada de náuseas, vômitos, alteração visual ou fotofobia”, afirma.
Júnior explica que o fato de descrever as sensações permite que tanto o médico como o paciente tenham a real percepção da doença. “Muitas vezes, a pessoa acha que não vem melhorando durante o tratamento, mas as anotações revelam, por exemplo, que a dor está menos frequente do que meses atrás”, afirma. “Dor é algo subjetivo. Com o diário, a tornamos algo mais objetivo para que possamos nos pautar.”
De acordo com o neurologista, as anotações servem como um instrumento de ajuda para os profissionais da saúde e indicam se o tratamento escolhido está dando resultados ou se é necessário realizar mudanças. “O diário deve ser levado a cada consulta médica. Brinco que, se não vier com o diário, é melhor nem vir”, diz Júnior.
O neurologista ressalta ainda que medidas comportamentais podem ajudar na prevenção. “A pessoa deve praticar esporte, manter uma vida saudável, evitar situações de estresse e ter uma alimentação balanceada em horários adequados.”
Enxaqueca infantil não deve ser menosprezada
Assim como as mulheres, as crianças representam um grupo em que a incidência da enxaqueca é alta. Segundo a neurologista Thaís Rodrigues Villa, membro da SBCe (Sociedade Brasileira de Cefaléia), o mal atinge 10% delas, principalmente aquelas cujos parentes de primeiro grau também sofrem da doença.
Normalmente, as dores costumam aparecer depois que os pequenos vêm da escola, por conta do barulho do local ou da exposição ao sol durante uma aula de educação física, por exemplo.
Thaís aponta que, em muitos casos, a enxaqueca infantil é negligenciada pelos pais. “Isso acontece por falta de informação. Existem muitos mitos sobre a dor de cabeça e, em relação à criança, acredita-se que ela simplesmente não sente essa dor e, se há a queixa, é para chamar atenção ou para não ir à escola.”
De acordo com a neurologista, o diagnóstico da enxaqueca nessa faixa etária ainda é difícil por conta desse raciocínio. “As mães devem valorizar a reclamação da criança e, sob suspeita, o pediatra deve encaminhá-la a um neurologista”, afirma.