Muitas pessoas acabam se automedicando quando sentem uma dor de cabeça, mas, se esse hábito é recorrente, o problema pode até se agravar.
Dor de cabeça é um mal que quase todas as pessoas do mundo vão sentir pelo menos uma vez na vida. A sensação dolorosa pode aparecer em qualquer região da cabeça, da testa até a nuca, e com intensidade e padrão variável.
De acordo com a Dra. Thais Rodrigues Villa, professora do Departamento de Neurologia e Neurocirurgia e Chefe do Setor de Cefaleias da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), a dor de cabeça pode ser o sintoma de muitas doenças, como a gripe, trauma craniano e meningite. Deste modo, quando o problema é controlado, a dor também é.
As principais cefaleias na população, entretanto, são de origem tensional e as famosas enxaquecas. Nestes casos, não há cura, mas os quadros podem ser controlados com tratamentos específicos para cada caso.
“Toda dor de cabeça deve ser investigada. Deve ser procurada uma causa e, assim que diagnosticada, dada a orientação do uso de medicação, de que tipo, como usá-lo e até outras medidas que vão aliviar a dor”, explica a especialista. Tudo muito personalizado, já que cada dor tem uma origem específica. “Automedicação nunca é o caminho.”
A Dra. Ida Fortini, neurologista responsável pelo ambulatório de enxaqueca do Hospital das Clínicas, afirma que o uso exagerado de remédios pode desequilibrar ainda mais os sistemas neurais, podendo gerar uma cefaleia crônica e mais difícil de ser tratada.
Quando procurar um médico
A dor de cabeça também pode ser causada por fatores externos como fome, falta de ingestão de água e estresse, mas quando a frequência é maior que três vezes ao mês, quando a dor é tão intensa que acaba atrapalhando as atividades do dia a dia ou se o problema é acompanhado por sintomas como náuseas, vômitos, tonturas, alterações visuais ou febre, está na hora de procurar um médico.
Segundo Dra. Thais, a falta de um diagnostico pode levar a uma piora da doença que causa a cefaleia. Além disso, não fazer o tratamento correto pode aumentar a frequência e a intensidade das crises.
Enxaqueca
Na maioria das vezes, quem procura um consultório médico o faz porque sofre com enxaqueca. O problema neurológico tem causa genética, podendo passar de pai para filho. Mas há também os fatores externos que vão desencadear as dores, como falta de sono ou alguns alimentos.
A cefaleia neste caso tem uma intensidade moderada a forte, pode ser latejante, acompanhada de aversão à luz, barulho ou cheiros, tonturas, manifestações visuais, formigamento, dormência, náuseas e, ás vezes, até vômitos.
Como a causa da dor não é apenas genética, o tratamento não é feito somente com analgésicos, mas também é preventivo, para evitar que a dor aconteça. Mais uma vez, cada caso de enxaqueca é diferente do outro.
Anticoncepcional
A psicóloga Sarina Rodini, de 35 anos, há oito anos luta contra enxaquecas. O cansaço do dia a dia, poucas horas de sono e o estresse são os principais fatores para que ela tenha dores de cabeça. Sarina iniciou um tratamento com neurologista, mas parou após alguns anos do problema se estabilizar.
Ela veio controlando a doença com prevenção até este ano. Após sua filha nascer, as crises voltaram ainda mais fortes e constantes. “No mês passado eu fui parar no hospital e a neurologista me perguntou se eu tomava anticoncepcional”, contou. O medicamento fez com que a psicóloga tivesse oscilações hormonais e quase sofresse um acidente vascular cerebral (AVC).
“Pessoas com enxaqueca com aura (que provocam distúrbios visuais como manchas brancas) e manifestações neurológicas, hipertensão eque fumam, não devem fazer uso de anticoncepcional com estrógeno”, alerta Dra. Ida. A especialista afirma que é importante conversar sobre o histórico de cefaleia com o ginecologista antes de iniciar um método contraceptivo.
“Se eu tenho um conselho para quem sofre com enxaqueca e dor de cabeça é não fazer o que eu fiz: não fazer uma investigação, achar que, como não é constante, não tem problema. Uma dor não é uma reação comum do nosso corpo”, diz a psicóloga.
Fonte: Saúde – iG @ http://saude.ig.com.br/2016-10-18/dor-de-cabeca.html