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Perfume ataca a enxaqueca masculina

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Os dados fazem parte de um estudo da Universidade Metropolitana de Santos (Unimes), que analisou as fortes dores de cabeça em uma amostra de 96 homens, todos com idade entre 18 e 82 anos. “Decidimos pesquisar os homens porque há pouca coisa na literatura médica”, afirma Andressa Marmore de Lima, uma das responsáveis pela pesquisa. Isso porque o problema é mais comum nas mulheres: a proporção na fase adulta é de três mulheres com enxaqueca para cada homem.
Mais de um terço dos homens pesquisados disseram que os cheiros tanto provocam quanto agravam o problema.

Essa também é a opinião do produtor de vídeo Sandro Ferri Giusti, de 35 anos. O cheiro dos perfumes, sobretudo os adocicados, além da fumaça de cigarro e da poluição são apontados por ele como alguns dos culpados pelas dores. “Já passei por situações em que tive que deixar um local por conta do cheiro de algumas pessoas, de perfume ou de cigarro”, lembra.

Giusti conta que toma remédios preventivos para tentar controlar o problema. “Tenho enxaqueca desde sempre”, afirma. Na pesquisa da Unimes, foram considerados pacientes com enxaqueca apenas os homens que relataram ter sentido as dores pelo menos quatro vezes no último ano – uma informação colhida por meio de questionários.

A luminosidade também aparece como fator importante para os pacientes de enxaqueca. Na pesquisa da Unimes, esse fator foi apontado por 74% dos homens como fator de piora das crises. No caso dos elementos que desencadeiam o problema, também chamados de ‘gatilhos’, o cheiros só ficam atrás das situações de estresse, citadas por 59% dos homens analisados. Comidas, bebidas alcoólicas, som alto e atividades físicas completam a lista dos vilões da enxaqueca masculina, segundo o estudo.

Mecanismo da dor
A enxaqueca é caracterizada por um tipo específico de dor de cabeça: contínua e pulsátil (veja ao lado). Ela já foi considerada até mesmo uma doença vascular, de acordo com Getúlio Daré Rabello, doutor em neurologia pela Faculdade de Medicina da USP e membro da Academia Brasileira de Neurologia. “Hoje, o modelo que adotamos é o de que a enxaqueca é uma doença do sistema nervoso central.”

Um distúrbio hereditário dos neurotransmissores é a hipótese mais aceita para explicar a doença. “Quando o cérebro recebe o estímulo, o ‘gatilho’, alguns processos químicos são ativados provocando uma inflamação. É um mecanismo de defesa do organismo, que em algumas pessoas ocorre com mais frequência e por estímulos menos importantes, o que pede tratamento”, diz Thaís Rodrigues Villa, neurologista da Sociedade Brasileira de Cefaleia.
Na opinião dos médicos, a prevalência da enxaqueca no público feminino pode ter relação com o sistema endocrinológico. “Provavelmente elas sofram mais por terem flutuações hormonais: resultado dos ciclos menstruais”, afirma Rabello. Colaborou Verônica Dantas